The Midnight Flower

Por Laila Flower

Esses dias assisti um episódio de House em que ele diz uma célebre frase: "Quase morrer não muda nada, morrer muda tudo".

Estamos em um período do ano em que as pessoas param para refletir em algo que realmente mudou tudo, inclusive o nosso calendário: a morte de Jesus.

Muitas pessoas conversam sobre chocolates, presentes, coelhos - normal. O desvirtuamento nas datas é reflexo de uma sociedade em que as pessoas não querem ser taxadas por religiosas...talvez "espiritual", mas não um fanático que vai ficar falando sobre Jesus só porque é Páscoa. Aliás, a palavra "Jesus" é pouco usada e, quando algum louco a fala, não duvide que é uma piadinha ou coisa do tipo. Mas, como já disse, normal. Esta é a nossa sociedade e acima de tudo, esta é a nossa humanidade.

Mas, retornando ao assunto que iniciei, a Páscoa é um evento em nosso calendário onde recordamos a morte. A morte que mudou tudo - até o mais cético ou o maior ateu tem de concordar comigo que independente dos méritos, foi uma morte que nos deu um feriado. Celebramos a vida, mas começamos este "feriadão" celebrando uma morte.

Isso nos parece um tanto quanto complexo, mas devemos lembrar que foi a morte que mudou TUDO - e ressuscitar é que transformou essas mudanças em algo permanente.

Não nascemos muito bem preparados para o fim das coisas, a morte é o fim de uma pessoa, por isso não aceitamos muito bem. Quando alguém especial morre, fazemos homenagens, carreatas, shows...tudo o que for necessário para expressar que aquela pessoa que morreu era especial para a nossa coletividade. O morrer nos faz refletir na vida da pessoa, nos faz prestar atenção no seu valor, nos damos conta da falta que ela nos faz. Morrer muda tudo.

Somos pecadores. Isso é inegável, é só observar como temos uma tendência natural para fazer besteiras nas nossas vidas - e não me refiro a arruinar a nossa vida, refiro-me a mentir, pegar emprestado e não devolver, enrolar os outros. Um Deus justo nunca nos aprovaria em nossas maldades, não compactua com o nosso mal e nem é mau o suficiente para achar bonitinho fazermos das nossas vidas uma sucessão de idiotices. Nós estávamos inaptos, Deus não estaria perto de nós. Contudo, se não tivéssemos pecado, Ele se agradaria. Não podemos enganar a Deus e fingir que somos bonzinhos, Ele vê tudo. Mas e se Ele nos visse como se estivéssemos sem pecado...?

O nosso erro, nosso pecado gera consequências: vamos morrer. A pena de morte nos foi dada, não existe possibilidade de redenção por nós. Morrer é o que muda, e uma vez mortos não podemos viver a mudança. As coisas param por aí, você sai do jogo. Se alguém pode sair por nós, permanecemos e podemos viver - se houvesse a possibilidade de substituição de um preso por alguém na pena de morte, a pena estaria cumprida (alguém morre pelo crime) e o criminoso sai, tomando o lugar do inocente - um pouco holywoodiano. Uma troca. Quem seria capaz de fazer uma troca justa no nosso caso? Somente faria diferença trocar de lugar com alguém inocente, ou seja, alguém sem pecado.

Então o Deus que criou o detalhes como uma folha, um pássaro, um ser humano (cá entre nós, dizer que tantas coisas imensamente complexas e perfeitas a ponto de funcionarem bem e naturalmente harmônicos são resultados de milhares de erros é algo que precisa de muita fé...) resolveu se aproximar de nós e enviar o único Filho, o único que não tinha pecado, pra morrer uma condenação brutal - uma pena de morte digna dos maiores criminosos da época, tudo para que as coisas fossem mudadas. O Deus que criou a vida morreu como um criminoso imundo. E naquele momento, ele abriu uma lacuna - Ele era cada um de nós ali, dependurado e sendo finalmente executado...a justiça estava sendo feita! Os seres humanos, coisas sujas, pagariam o preço.

E a morte aconteceu como acontecia em todos os sacrifícios que os judeus faziam. Então veio um elemento inesperado - 3 dias após, a morte perdeu e Jesus ressuscitou. Ele tinha o poder, Ele é quem decidia quando morrer e quando retornar - 3 dias em que Ele pôde chegar ao nosso condenador e mostrar a cédula escrito "Pago". Uma vez pago, Ele pegou de volta o que era Dele por direito, a vida.

No final das contas, ele pegou a morte e a vida; Ele morrendo pagou a nossa pena, e vivendo pode nos dar de presente a vida. Dessa vez, vida de verdade, daquelas que foram projetadas desde o início.

Nós pegamos a pele do cordeiro - os lobos são vistos como o Cordeiro e Deus se achega junto de nós até o dia em que o Criador passará a régua neste mundo e nos levará junto. Não existe bondade suficiente para que nos tornemos cordeiros, mas o próprio Cordeiro nos deu a pele Dele para nos vestirmos - e vestindo-a, vamos aos poucos sendo transformados. E tudo começou com a morte.

Só é necessário fazer uma coisa: pegar a pele do Cordeiro e deixar que Ele nos ensine a viver como cordeiros. Ele já pagou todos os nossos crimes e quer nos ensinar e viver como Ele vive. Deixar Ele guiar a nossa vida; já que somos maus motoristas, Ele pega a direção para vivermos o melhor. Como Jesus morreu, Ele pode olhar para nós e dizer "Relaxa, paguei tua conta agora estou aqui para viver contigo e te ensinar a viver de verdade, junto de Deus, no lugar onde Ele vai cuidar de ti".

Se Jesus tivesse ficado morto, Ele não poderia chegar até nós para nos dar a liberação da pena - mas Ele voltou e podemos pegar das mãos Dele aquilo que nos dá a liberação para viver.

Morrer mudou tudo. Ressuscitar transformou. Pense nisso.